A Ascensão Interrompida: A Disparidade de Gênero nos Cargos de Liderança
No Brasil, as mulheres representam 45% da força de trabalho, mas apenas 32% ocupam posições de gestão, segundo o estudo IWD Gender Data 2025, divulgado pelo LinkedIn. Essa discrepância revela um problema estrutural: mesmo sendo maioria em diversos setores, as mulheres enfrentam barreiras invisíveis que limitam sua ascensão profissional.
Para chamar atenção a essa realidade, o LinkedIn lançou uma campanha impactante: cadeiras de escritório vazias foram colocadas em locais públicos, simbolizando os cargos de liderança que poderiam ser ocupados por mulheres. Cada assento exibia dados alarmantes sobre a subrepresentação feminina, convidando o público a refletir sobre os obstáculos que ainda persistem no mercado de trabalho.
Mas por que, mesmo com avanços em educação e qualificação, as mulheres continuam sendo minoria nos altos escalões? Quais são as barreiras que precisam ser derrubadas? E, mais importante, como acelerar a mudança?
Os Números que Revelam a Desigualdade
A pesquisa do LinkedIn confirma uma tendência global: quanto mais alto o cargo, menor a presença feminina. Alguns dados destacam essa disparidade:
- Setores com maior desigualdade: Em áreas como Tecnologia, Construção e Logística, menos de 15% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres.
- Progresso lento: Se o ritmo atual se mantiver, o Brasil levará 53 anos para alcançar a equidade de gênero no mercado de trabalho.
- Impacto econômico: Segundo a McKinsey, empresas com liderança feminina têm 21% mais chances de ter lucratividade acima da média.
Esses números mostram que a desigualdade não é apenas uma questão social, mas também um problema econômico. A falta de mulheres em cargos de decisão limita a diversidade de pensamento, a inovação e o desempenho das organizações.
As Barreiras que Impedem a Ascensão Feminina
1. Cultura Organizacional Machista
Muitas empresas ainda associam liderança a características tradicionalmente masculinas, como assertividade e competitividade. Quando mulheres demonstram essas mesmas qualidades, muitas vezes são taxadas de “agressivas” ou “difíceis”.
2. Falta de Oportunidades de Desenvolvimento
Homens são frequentemente indicados para programas de mentoria e treinamentos de liderança, enquanto mulheres precisam provar sua capacidade repetidamente antes de serem consideradas para promoções.
3. Dupla Jornada e Falta de Apoio
A sobrecarga de tarefas domésticas e cuidados familiares, que ainda recaem majoritariamente sobre as mulheres, dificulta sua dedicação integral à carreira. Empresas sem políticas de flexibilidade ou suporte à maternidade contribuem para essa exclusão.
4. Viés na Contratação e Promoção
Estudos mostram que homens são promovidos com base em seu potencial, enquanto mulheres precisam comprovar resultados concretos antes de avançarem.
Como Mudar Esse Cenário? Soluções Propostas pelo LinkedIn
A campanha do LinkedIn não apenas expõe o problema, mas também apresenta caminhos para acelerar a equidade de gênero. Entre as principais soluções estão:
1. Contratação Baseada em Habilidades
Priorizar competências em vez de experiências tradicionais pode aumentar em 12% a presença feminina em setores sub-representados. Globalmente, essa prática ampliaria o acesso de mulheres a oportunidades em seis vezes.
2. Programas de Mentoria e Sponsorship
Empresas que investem em mentoria interna para mulheres aumentam em 40% as chances de retenção e ascensão dessas profissionais. Líderes que atuam como sponsors (defensores ativos da carreira feminina) ajudam a quebrar barreiras informais.
3. Políticas de Flexibilidade e Suporte Familiar
Licença-parental estendida para homens e mulheres, horários flexíveis e creches corporativas são medidas essenciais para reduzir a evasão feminina de cargos de liderança.
4. Representatividade e Visibilidade
Mulheres em posições de poder que compartilham suas trajetórias inspiram outras profissionais e normalizam a liderança feminina.
O Papel das Empresas e da Sociedade
Como afirma Ana Claudia Plihal, Head de Soluções para Talentos do LinkedIn Brasil:
“Temos um grande espaço para avançar. Em setores historicamente masculinos, como Tecnologia e Logística, é possível reequilibrar a presença feminina. Já em áreas onde as mulheres são maioria, como Saúde e Serviços, a equidade pode impulsionar ainda mais a inovação.”
A mudança não é apenas uma questão de justiça social, mas de sobrevivência empresarial. Organizações que não se adaptarem a um mercado que exige diversidade ficarão para trás.
O Futuro da Liderança Feminina no Brasil
Enquanto cadeiras continuarem vazias, o potencial do mercado de trabalho brasileiro estará incompleto. A campanha do LinkedIn serve como um alerta e um chamado à ação.
A equidade de gênero não é um benefício apenas para as mulheres, mas para toda a sociedade. Empresas, recrutadores e líderes precisam agir agora para garantir que, nos próximos anos, mais mulheres ocupem os lugares que merecem.
A pergunta que fica é: Quanto tempo mais o Brasil vai esperar para preencher essas cadeiras vazias?